Brasília - Nas últimas três semanas, tenho-me ocupado respondendo a telefonemas e mensagens de amigos, preocupados com um e-mail que circula cada vez mais, informando que fui demitido da Globo. Explico a eles que, para ser demitido, teria que ser antes admitido, já que não tenho vínculo trabalhista com a Rede Globo. Minha empresa tem um contrato com a Globo, que ainda vai demorar a vencer, cedendo meus serviços à televisão.
Não creio que tenha havido má intenção de quem inventou a tal mensagem. Apenas desinformação. É que já circulava um comentário meu, no ?Bom Dia Brasil?, sobre insegurança pública. Quando chegou aos olhos do desinformado, o raciocínio foi: ?Ah, então foi por isso que ele foi demitido da Globo? ? certamente imaginando que sou Franklin Martins, cujo contrato havia chegado ao fim na Rede Globo. É que, pelos cumprimentos que recebo nas ruas e táxis, eu sou Joelmir Betting, Paulo Henrique Amorim, Hermano Henning e até Cid Moreira. Talvez, naquele momento infeliz do desinformado, eu tenha sido o Franklin.
O que é surpreendente é que as pessoas passam à frente a mensagem mentirosa, sem se dar ao trabalho de acessar o site da Globo ? onde me encontrariam. Aos amigos que me ligam, agradeço a solidariedade, mas digo que prefiro audiência: se sintonizassem a TV, eles me encontrariam no ?Bom Dia Brasil?, no ?Globo Repórter?, no ?Jornal Nacional?, na ?Globonews? ou no noticiário local da Globo em Brasília. Eles têm visto, mas preferem acreditar no que leram na Internet. Outros confirmam que recém me haviam visto na TV, mas imaginam que fui demitido logo depois. Até já fui visto cabisbaixo, deixando a Globo.
Semana passada, Ana Maria Braga foi muito oportuna no ?Mais Você?, com uma reportagem mostrando que a Internet aceita tudo. Tenho recebido textos com a minha assinatura, que nunca foram meus. Outros, que já foram meus, mas foram reescritos. Existe até um texto piegas, com a palavra ?questionamento? ? eu não uso palavras desse tamanho. De uma professora universitária de Português, recebi um texto em prosa do Mário Quintana, que o ?passarinho? jamais teria escrito, porque num estilo que não é o dele.
Também são vítimas constantes o Mário Prata, o Luiz Fernando Veríssimo, o Arnaldo Jabour ? nenhum deles escreveria os textos medíocres que a eles se atribui na internet. Martha Medeiros contou a Ana Maria Braga que o que mais lamentou foi terem usado um artigo dela com um enxerto elogiando um político. Tais textos, Freud explicaria, são feitos por pessoas que, se assinassem seu nome, não teriam a menor chance no botão forward (encaminhar) da caixa postal eletrônica. Então, roubam o nome alheio para que os ingênuos e mal-informados passem adiante. E o autor pirata desfruta da glória de estar sendo lido na Internet. Infelizmente, o crime de lesa-propriedade intelectual fica impune na rede. Agora mesmo, usa-se a internet à larga para fazer campanha eleitoral. E, como a Internet aceita tudo e encobre os autores, circulam mentiras, calúnias e difamações livremente.
No meu caso, tenho sugerido aos amigos que enviem de volta o e-mail recebido, para entupir as caixas postais dos irresponsáveis que passam adiante textos mentirosos e que assim façam todos sucessivamente, até que o autor original da mentira tenha o seu computador congestionado até o fim dos tempos.
Alexandre Garcia