A grafologia, ciência que estuda o gesto gráfico, pode revelar tudo a respeito da personalidade do caráter do indivíduo, além de fobias, depressão, psicoses e conflitos emocionais.
Um simples texto redigido pode dizer muito mais sobre uma pessoa do que se imagina. É possível saber se ela está tensa, ansiosa ou feliz. Como é sua personalidade, o que busca na vida, o quanto evoluiu e qual a velocidade do seu pensamento. Qualquer emoção é registrada na ponta da caneta. Até mesmo um simples resfriado modifica a maneira de escrever.
A psicóloga e grafóloga Rosilene Cruz fez o teste: pediu que a paciente registrasse no papel sua assinatura, "a expressão única e pessoal da nossa identidade pública", como ela mesma define. Em questão de segundos, percebeu, por meio da leitura das letras, que a mulher estava exausta, sem paciência com certos procedimentos repetitivos à sua volta. Disse também que a pessoa tem uma inteligência superior, é sensível, delicada, mas detesta gente prolixa, que a sua emoção transborda a ponto de deixar qualquer assunto ou tarefa de lado, se ficar chateada, mesmo que não tenha chegado ao fim. Por incrível que pareça, todas essas características podem ser lidas a partir da assinatura de alguém.
Num texto, então, Rosilene consegue captar detalhes da personalidade, como introversão e extroversão, caráter, honestidade, além de memória, fluência verbal, alcoolismo, depressão, fobias e até conflitos psicológicos ou talentos e aptidões. Segundo ela, "o teste é simples: num papel sem pauta, a pessoa deve escrever 20 linhas com caneta esferográfica de ponta fina. A leitura das letras é função da grafologia, ciência que estuda o gesto gráfico, mas que não tem nada de sobrenatural ou de manipulação. É um método de investigação que tem diversas escolas, algumas imperfeitas, mas não se pode culpar a grafologia pelo que é comum a todos os ramos do conhecimento", explica Rosilene, citando o grafólogo espanhol Maurício Xandró. Muito usada como ferramenta para seleção de candidatos em diversas empresas, a grafologia ajuda ainda na avaliação e planejamento de carreira, clareza de ideias, curso do pensamento e tem condições de analisar aspectos de um determinado momento de vida da pessoa. Coordenadora técnica da Vara Cívil da Infância e da Juventude e professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a própria Rosilene se sentiu atraída pela grafologia quando, há 20 anos, foi submetida a esse método de seleção para trabalhar numa empresa. "Fiquei tão impressionada que passei a estudar e a me aprofundar no assunto." No início, ela viajava e comprava livros de grafófolos espanhóis, como Xandró e Augusto Vels, dos franceses Jules Crépieux-Jamin e Guide Pulver e do alemão Ludwig Klages, precursores da ciência que estuda as letras.
A realidade hoje é bem diferente. Não só há todo um acervo de livros sobre o tema, como grafólogos conceituados: o paulista Paulo Sergio de Camargo é um deles. Escritor, especialista em linguagem não verbal, consultor de empresas nacionais e multinacionais, ele acaba de lançar o livro Sua escrita, sua personalidade, pela Editora Ágora, que traz curiosidades e conhecimentos interessantes sobre a grafia.
Em Belo Horizonte, é possível não só fazer o estudo da grafia como estudar essa ciência no Instituto Mineiro de Grafologia, fundado e dirigido por José Carlos de Almeida Cunha, de 77 anos, um dos pioneiros, com uma coleção de mais de 6 mil amostras de escrita, guardadas em 10 volumes.
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