Quitinetes e aparts conquistam mercado de imóveis. Especialistas dizem que, quanto menores o dinheiro e a área, maior a necessidade de planejamento
Ricardo Aguiar Magalhães, engenheiro civil e arquiteto, diz que projetos devem seguir determinados padrões de ventilação, tamanho mínimo e acessibilidade
A mudança no perfil da sociedade transforma o mercado das construções. Em vez das residências com sala, copa e três dormitórios, o novo filão são os apartamentos de um quarto, sala e cozinha conjugados. São imóveis feitos sob medida para pessoas separadas, viúvas, estudantes ou solteiros, que buscam praticidade, segurança, economia e conforto.
Engenheiros e arquitetos explicam que, na hora de planejar a obra, é preciso otimizar o espaço e valorizar o conforto. O engenheiro civil e arquiteto Ricardo Aguiar Magalhães revela que o projeto deve seguir as exigências convencionais quanto à ventilação, tamanhos mínimos, acesso para portadores de necessidades especiais, altura, afastamentos, taxa de ocupação e limite de unidades no mesmo terreno e área construída.
Para Ricardo, que também é diretor do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), a criatividade não tem limites. "Conheço quitinetes, fora de Belo Horizonte, cuja bancada da cozinha tem dois andares. Na parte inferior há o tanque, dispensando a área de serviço, e na superior um fogão de duas bocas elétrico, para não perder espaço com o gás". Mas, em BH, as normas dificultam a criação de imóveis muito pequenos, garantindo ambientes mais arejados.
Magalhães ressalta que não adianta uma planta bem bolada, mas com insolação excessiva ou insuficiente. Para ele, corredores longos dão péssima impressão e podem ser evitados, por exemplo, construindo o banheiro entre a sala e o quarto. A privacidade, diz o especialista, ganha pontos quando não há portas externas sem vedação correta. "Também é preciso evitar que, da entrada, se vejam as áreas de serviço e íntima, e não instalar janelas uma de frente para a outra, nem do próprio imóvel, nem de vizinhos".
A área de serviço deve ficar atrás da divisória ou da geladeira, facilitando a organização. Prateleiras para micro-ondas, forno elétrico e liquidificador, diz Magalhães, permitem que os eletrodomésticos funcionem no mesmo local onde ficam guardados. "O imóvel deve ter muitas tomadas, evitando-se gambiarras e risco de curto-circuito".
VENTILAÇÃO
A troca de paredes por armários, vidros, espelhos ou biombos, diz o especialista, aumenta a ventilação e permite que o usuário possa circular e respirar dentro do imóvel. Ele destaca que, em alguns casos, dá para trocar a alvenaria tradicional por paredes de gesso acartonado e colocar o lavabo fora do banheiro, de modo a ser utilizado por duas pessoas ao mesmo tempo. "Por que não, no lugar da pia pequena, instalar uma pia inox maior, do lado de fora do banho, que funcione para higiene pessoal, roupas e panelas?".
Corredores não precisam ser longos para o aproveitamento do espaço e banheiro deve ser construído entre a sala e o quarto
A rede hidráulica, segundo Magalhães, deve ser independente para o vaso sanitário e usar tubos e conexões de boa qualidade, evitando manutenção. O uso de sifões e ralos sifonados elimina odores. Para o engenheiro, a torneira das pias e tanques deve ter jato dágua perto do centro do bojo, para evitar contorcionismos no uso. O caimento do piso deve ser para os ralos e o box do chuveiro e a área de serviço devem ser dois centímetros mais baixos que o restante do piso da área molhada.
Na hora de finalizar o projeto, o engenheiro recomenda marcas de boa qualidade e baratas, mas nunca material ordinário. Para ele, a diversidade de itens reduz o ambiente. "Quanto menor o azulejo ou a largura das lâminas de piso, maior a sensação do espaço. Quanto mais claras as cores, melhor a sensação no espaço. Já o teto rebaixado aumenta a sensação de largura".
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