Dois telescópios espaciais, Herschel e Planck, foram lançados nesta quinta-feira pela Agência Espacial Europeia para investigar os primórdios do Universo e estudar a luz mais antiga existente, formada apenas 380 mil anos após o Big Bang.
O Herschel é o maior telescópio espacial que já se tentou colocar em órbita.
Segundo os especialistas, as informações obtidas pelos telescópios têm o potencial de questionar teorias atuais da Física e até trazer evidências da existência de um outro Universo anterior ao atual.
Os telescópios, com custo de US$ 2,89 bilhões, foram lançados a bordo de um único foguete partindo de uma base na Guiana Francesa.
Os satélites vão se separar e seguir em rotas diferentes para posições de observação a mais de 1,5 milhões de quilômetros de distância da Terra.
MAIOR DA HISTÓRIA
O espelho primário do Herschel, com 3,5 metros de diâmetro, é uma vez e meia maior do que o refletor principal do telescópio Hubble.
ASSISTA
O telescópio traz inovações tecnológicas que lhe permitem observar, através de nuvens de poeira e gás, estrelas no momento em que elas nascem.
As inovações também permitem que o Herschel observe distâncias inimagináveis no espaço, para ver galáxias que existiram quando o Universo tinha entre a metade e um quinto de sua idade atual.
Astrônomos acreditam que, nesse período da história cósmica, a formação de estrelas estava no seu ponto mais prolífico.
"(O telescópio) Herschel vai nos ajudar a entender muito, muito melhor, como as estrelas se formam nesse exato momento e como elas vêm se formando em bilhões de anos de história cósmica", disse Göran Pilbratt, cientista do projeto Herschel, da Agência Espacial Europeia, à BBC.
''Multiverso
O outro telescópio, Planck, vai mapear o céu com ondas de luz de comprimentos ainda mais longos, na porção de micro-ondas do espectro eletromagnético.
O Planck vai fazer as medições mais detalhadas daquilo que os cientistas chamam Cosmic Microwave Background (CMB), a Radiação Cósmica de Fundo.
Formado 380 mil anos após o Big Bang, esse sinal tênue de micro-onda é o calor remanescente da grande explosão que originou o Universo, a "luz mais antiga" existente, e que ainda cerca o Universo nos dias de hoje.
"(O telescópio) Planck tem a visão mais apurada até hoje, os instrumentos mais sensíveis e a gama mais ampla de frequência" disse o cientista do projeto Planck da ESA, Jan Tauber.
"Ele vai nos permitir identificar todas as características básicas do Universo com grande precisão - sua idade, seus conteúdos, como evoluiu, sua geometria, etc."
Uma questão-chave envolvendo o telescópio Planck diz respeito à chamada "inflação". Ela é a expansão mais rápida do que a luz que, os cosmólogos acreditam, o Universo teria sofrido em seus primeiros momentos de existência.
A teoria prevê que este evento tenha sido "impresso" na CMB e que a informação possa ser resgatada com instrumentos suficientemente sensíveis. O Planck foi desenhado para ter essa capacidade.
"Vamos investigar questões nunca estudadas, onde a Física é muito, muito incerta", disse o cientista George Efstathiou, da Cambridge University, na Grã-Bretanha.
"É possível que encontremos uma marca impressa antes do Big Bang, ou é possível que encontremos uma marca de outro Universo e então teremos encontrado evidências de que somos parte de um Multiverso", acrescentou.
"Vamos investigar questões nunca estudadas, onde a Física é muito, muito incerta", disse o cientista George Efstathiou, da Cambridge University, na Grã-Bretanha.
"É possível que encontremos uma marca impressa antes do Big Bang, ou é possível que encontremos uma marca de outro Universo e então teremos encontrado evidências de que somos parte de um Multi-verso", acrescentou.