Os jovens brasileiros estão saindo cada vez mais tarde da casa dos pais. O fenômeno, conhecido como geração canguru, compreende jovens que, em sua maioria, estão dispostos a abrir mão da autonomia em troca da comodidade de viver com os familiares, seja para se estabelecer financeiramente, continuar os estudos, manter o padrão de vida ou mesmo adiar as responsabilidades de uma vida adulta independente. Essa constatação foi investigada em um estudo demográfico apresentado como dissertação de mestrado na Faculdade de Ciências Econômicas (Face) da UFMG.
A autora do trabalho, Regiane de Carvalho, decidiu identificar os fatores associados à saída dos jovens brasileiros do domicílio de origem e avaliou, por exemplo, que entre 1986 e 2006, a proporção de jovens do sexo masculino vivendo com os pais passou de 57,5% para 61,4% e, no caso das mulheres, de 46,3% para 50,4%. Outra constatação revelada pela pesquisa é a de o índice de jovens do sexo masculino entre 25 e 29 anos que optam pela comodidade do trinômio casa, comida e roupa lavada aumentou de 32% para 44% em 20 anos.
O trabalho, desenvolvido no âmbito do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar) da Faculdade de Ciências Econômicas (Face), analisou características individuais de jovens entre 15 e 34 anos, residentes em áreas urbanas no Brasil, tendo como base a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD). Ela se valeu de dados comparados referentes aos anos de 1986, 1996 e 2006.