As missões espaciais, caras e arriscadas, não fazem tanto sentido para o neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, que participa de sabatina da Folha nesta segunda-feira (8) em São Paulo. Isso porque a interação entre o cérebro humano e as máquinas tem potencial para fazer com que alguém "pense" em um lugar e uma ação seja desencadeada numa localidade distante, reduzindo as barreiras geográficas.
"O nosso alcance vai mudar no longo prazo, nossa noção de ambiente, de presença física", afirmou o neurocientista. Segundo ele, isso será possível por meio da interação entre as máquinas e o cérebro humano --que passaria a considerar aparelhos, mesmo que estivessem distantes, como se fossem parte do próprio corpo. "É como se houvesse uma incorporação", afirma.
Para isso, é preciso que o cérebro receba e "entenda" os sinais emitidos pelos aparelhos e vice-versa. Segundo ele, isso não está muito longe. "No caso de um tenista, já é como se o cérebro entendesse a raquete como uma parte do corpo", diz.
Entretanto, ele afirma que apenas os sinais cerebrais seriam transmitidos, e não todo o corpo das pessoas, em uma espécie de teletransporte. "Já estudei muito o 'Jornada nas Estrelas', e isso não tem a mínima chance de acontecer", diz.
O pesquisador é sabatinado hoje no Teatro Folha, no shopping Pátio Higienópolis, em São Paulo. Seus entrevistadores são Claudio Angelo, editor de Ciência da Folha de S.Paulo, Gilberto Dimenstein, membro do Conselho Editorial da Folha, Hélio Schwartsman, articulista do jornal, e Suzana Herculano-Houzel, neurocientista e colunista do caderno Equilíbrio.