Tempos do Décimo Sétimo Batalhão de Caçadores, em Corumbá-MS. Minha idade? Os maravilhosos dezoito anos. Uma estória era corrente entre nós, os “filhos da pátria amada”, que entre ansiosos e assustados, prestávamos o serviço militar obrigatório. Justificavam-se a ânsia e o medo, pois servíamos à Pátria logo depois do movimento ditatorial de 1964. Tudo se podia esperar dos comandantes militares que raciocinavam sob influxos do cérebro do Ministro da Guerra, o general Costa e Silva. Aliás, general que não era exemplo de inteligência ou de estratégia. Mas, vamos à estória. O sargento sai pelo pátio do quartel e vê um soldado lavando uma bacia cheia de furos, sem serventia aparente. Autoritariamente, grita ao recruta em altos brados:
- Quem foi o idiota que mandou você lavar essa bacia furada?
Tremendo, o soldado balbucia:
- Foi o capitão.
O revide do sargento:
- Vinte dias de cadeia por chamar o capitão de idiota! Talvez o leitor não alie ainda o título do artigo com a pequena estória. Sem pretensão de causar impacto, afirmo que a situação no Brasil continua a mesma daquela época de autoritarismo. Vejamos. Após ter mantido um encontro secreto com a ministra Dilma Roussef, a secretária da Receita Federal Lina Vieira foi sumariamente demitida do cargo. Segundo Lina, Dilma teria lhe pedido que agilizasse as investigações que a receita Federal fazia sobre os negócios da família Sarney. Com que finalidade, deduza o leitor, se Sarney é a pilastra de apoio do PMDB ao governo Lula.
Dilma negou o encontro e continua ministra da Casa Civil, afagada pelos dengos explícitos do presidente “nunca antes neste país”. Este pretende fazer dela, além de mãe do PAC, a futura condutora do Brasil. Dias antes do julgamento de Antonio Palocci no STF, o caseiro Francenildo dos Santos Costa, mostrando descrença em relação à Justiça brasileira declarou: “É um amigo ajudando outro”. E estava certo Francenildo, simplório homem do povo. A propósito, o presidente “nunca antes neste país” já alardeava de antemão que a ação contra Palocci seria rejeitada. Silenciado o caseiro e arquivado o processo, Palocci ascenderá a palanques (que não ostentam o vermelho do antigo PT, mas um vermelho de vergonha), onde fará ensaiados discursos, prometendo defender os pobres e oprimidos do País. Outra pequena estória. Um lobo bebia água em um riacho. Logo abaixo um cordeiro também matava a sede. O lobo desceu ao cordeiro e declarou que ia matá-lo, pois este sujava a água que ele bebia. O cordeiro argumentou que por estar bebendo água abaixo do lugar onde se encontrava o lobo, isto não seria possível. O lobo, mesmo diante da invencível lógica do pequeno cordeiro, pronunciou-lhe a sentença de morte:
- Não foi você, mas foram seus avós que turbaram a água que meus antepassados bebiam. E sacrificou o indefeso cordeiro. O leitor entenderá por certo agora o título do artigo. A corda arrebenta... sempre do lado do mais fraco!
ROBLEDO MORAIS
Juiz de Direito aposentado, São José do Rio Preto