A complexidade do mundo dos negócios tem no marketing um valor agregado de grande importância na conquista e na fidelização dos clientes. “Marketing não é uma batalha de produtos. Marketing é uma batalha de percepção”. A tecnologia está fazendo com que os produtos, de uma mesma categoria, cada vez mais se assemelhem. Exemplo? Como distinguir a marca de um televisor, entre vários deles funcionando, sem a identificação do fabricante? Posicionar a figura do candidato na mente do eleitor é o objetivo principal do marketing político.
As atuais determinações do TSE - Tribunal Superior Eleitoral, válidas para a próxima eleição têm, entre outros, o objetivo de reduzir o custo das campanhas, dar transparência às propostas, facilitar a controle público sobre os gastos dos partidos e reduzir a desigualdade financeira entre os candidatos. Maior transparência sobre as doações, com restrições à entidades que recebam recursos públicos e a prestação de contas pela Internet são medidas que, se não vão eliminar possíveis simulações contábeis, irão pelo menos dificultá-las. As novas regras do jogo visam erradicar o superficial e valorizar o essencial, ou seja, a biografia do candidato – novo enfoque do marketing político.
O programa, qualitativo e quantitativo, dos partidos, é de fundamental importância não apenas para o planejamento estratégico, mas para que o eleitor saiba, em detalhes, como ele será viabilizado. Não basta revelar o que será feito, isto a sociedade já sabe: investimentos em educação, saúde, saneamento básico, infra-estrutura, transporte, segurança pública, preservação ambiental, moradias urbanas e geração de empregos, mas, principalmente, como será feito. Os vereadores e prefeitos, que estão pleiteando reeleição, devem prestar contas das promessas que fizeram por ocasião da eleição passada. Na realidade o que interessa à maioria da população é saber o que será feito para reduzir a mais cruel das violências - a desigualdade econômica e social – linha divisória entre o oceano de pobres e a ilha de ricos. (...)
Os programas dos partidos não devem conter apenas o que será feito, mas qual a origem dos recursos, sem que se aumente a já elevadíssima carga tributária, que mina o poder aquisitivo da classe de baixa renda. O detalhamento das propostas deverão chegar ao conhecimento dos eleitores pelos mais diversos meios, principalmente, através dos debates pela TV. A mídia, a Internet, as reuniões nos bairros e a conversa com eleitores nas ruas, também, são meios de tornar as propostas transparentes. Entidades de classe, faculdades, igrejas, clubes, ONGs, entre outras, devem convidar os candidatos para que o eleitor possa conhecer, analisar, comparar, refletir, julgar e decidir em quem votar. Conduta ética e competência técnica deverão encabeçar os pré-requisitos de uma candidatura.
Para os que julgam que as pessoas simples não têm a devida compreensão da realidade, relatamos uma pequena história. Um ilustre político convidou um famoso economista para fazer uma palestra e no final da brilhante apresentação do professor, o anfitrião apanhou o microfone e sugeriu que os participantes fizessem perguntas ao palestrante. Apesar da insistência ninguém se atrevia a falar, até que um cidadão, carinhosamente, conhecido como Zé do Mato levantou-se e falou: “Eu intendi tudinho: si nóis gasta mai do que nóis ganha, nóis quebra”. ”Somente os incautos menosprezam a sabedoria popular.”
Uma simples reflexão sobre cidadania nos leva à concluir que temos o direito de exigir conduta ética dos candidatos e, paralelamente, temos o dever moral de não vender a nossa consciência por qualquer espécie de vantagem pessoal futura ou em pagamento de benefício já recebido.
Faustino Vicente - Consultor de Empresas e de Órgãos Públicos, Professor e Advogado